top of page

 

a história

 

o HIV na mira do Estado

Se as políticas públicas desde a década de 1990 até a primeira década dos anos 2000 se focavam em aconselhar a população a usar a camisinha em qualquer tipo de contato sexual, hoje o Estado adota um tom mais ligado à realidade da população.

 

O governo percebeu que, à revelia das campanhas de aconselhamento, o número de casos de infecção pelo HIV seguiu crescendo no Brasil. Desde 1980, já são mais de 757 mil casos notificados, segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde de 2014. No entanto, apenas cerca de 220 mil brasileiros utilizam os medicamentos - dos quais 11, dentre os 20 oferecidos, são produzidos em território nacional.

 

O crescimento nos casos tem lógica numérica. Segundo a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP) divulgada em janeiro deste ano, 45% da população sexualmente ativa do país não usou preservativo em relações sexuais casuais nos últimos 12 meses.

 

Muito por conta disso o Unaids, agência da ONU que trata das questões relacionadas ao HIV, apontou o Brasil como um dos únicos países onde o número de contaminações cresceu no mundo. Se entre 2005 e 2013 o índice caiu 27,6% no restante do planeta, por aqui ele subiu em 11%, apesar de o SUS prover gratuitamente medicamentos e acompanhamento com médicos, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais.

Roger Raupp Rios e Sandro Ka fala sobre as políticas públicas:

Para o órgão, há três motivos por detrás desse crescimento: o relaxamento dos jovens quanto ao uso de camisinha, a falta de políticas públicas certeiras focadas no tema e o preconceito contra homossexuais e transexuais.

 

No Brasil, homossexuais e transexuais sofrem violências na sociedade desde o círculo familiar, passando pela escola, pelo mercado de trabalho e também no sistema de saúde. Assim, a discriminação por orientação sexual ou por identidade de gênero, além de estar presente no cotidiano das pessoas, também é uma grande barreira ao acesso de informações na esfera da sexualidade e da saúde.

 

O fator jovem é um desafio: nascidos em uma época na qual não há ídolos vítimas do HIV, como Cazuza ou Renato Russo, e na qual soropositivos não padecem por conta do vírus graças ao avanço do tratamento, os brasileiros da nova geração não associam o sexo com camisinha como medida de proteção da saúde. A AIDS soa como algo distante - e o preservativo não fica ao alcance da mão na hora “H”.

 

O problema das políticas públicas ainda é um impasse. O governo está encarando a realidade do brasileiro: as pessoas não usam camisinha o tempo todo em suas relações sexuais. Uma medida tomada em prol desse sentido é a promessa do Truvada. Nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, já estão sendo feitos testes para avaliar a adesão da população à Profilaxia Pré-Exposição. Segundo a Secretarial Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, a expectativa é de que o medicamento esteja disponível no SUS de todo o Brasil a partir do ano que vem.

 

A medida vem para conter o crescimento no número de casos de infecção do vírus HIV entre os jovens. O crescimento da incidência em mulheres também é um dado agravante.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entre jovens da faixa dos 15 a 24 anos infectados, 60% são mulheres. Destas mulheres, quase sua maioria - 91,2% dos casos - são infectadas por seus maridos ou companheiros em relações heterossexuais.

 

No Rio Grande do Sul, estado com maior número de casos notificados de HIV, o índice de mortalidade foi de 11,2 a cada 100 mil habitantes em 2013. A quantidade é aproximadamente o dobro do índice registrado no Brasil. Outro dado que merece atenção é a alta taxa de detecção de gestantes no Rio Grande do Sul (9,3 casos para cada mil nascidos vivos). De acordo com dados do Ministério da Saúde, a possibilidade de infecção do bebê é menor que 1% se a gestante realiza todos os tratamentos indicados. Sem tratamento, esse índice pode ser de 20%. A detecção do HIV em mulheres grávidas é uma das prioridades do Governo Federal, que pretende oferecer teste gratuito para 100% das gestantes até o fim de 2015. Na última década, a incidência de AIDS em menores de 5 anos diminuiu em 25%.

 

Para superar esse impasse, Organizações não Governamentais e o Estado criaram ações pontuais focadas nos grupos considerados de risco. Assim, jovens e homossexuais se tornaram alvo das políticas públicas. Destacamos algumas a seguir:

 

 

falhas em políticas públicas são uma das causas do aumento

Entre jovens da faixa dos 15 a 24 anos infectados, 60% são mulheres

em PORTO ALEGRE

no BRASIL

bottom of page